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Mão formigando pode ser diabetes, hipotireoidismo e até carência vitamínica

Alfinetes e agulhas. É assim que, na língua inglesa, as pessoas se referem àquela sensação de formigamento que sentimos nas mãos ou nos pés quando ficamos muito tempo em uma mesma posição, bloqueando, de alguma forma, a circulação sanguínea. De fato, parece que estamos sendo picados por centenas de pequenos objetos pontudos. Na maioria das vezes, o desconforto passa logo, mas pode acontecer de ele ser um sinal de alerta que merece atenção.

Conhecido entre os médicos como parestesia, o formigamento pode também ser descrito como perda de sensibilidade (hipoestesia), dormência, queimação ou coceira. Quando esse sintoma não passa, pode sinalizar a presença de alguma doença neurológica, ou indicar problemas relacionados aos nervos. Estes são encarregados de levar as sensações das várias partes do seu corpo para o cérebro, por meio da medula espinhal. Quando algo impede esse percurso, a parestesia se manifesta.

eurologistas e neurocirurgiões são considerados os especialistas que têm chance de melhor investigar e tratar esse tipo de queixa, especialmente porque são treinados para avaliar os nervos periféricos e os seus níveis de sensibilidade. Contudo, clínicos gerais, reumatologistas e ortopedistas também podem examiná-lo. Para saber qual é a hora certa para procurar ajuda especializada, observe as características do sintoma. Se ele persistir ou demorar para passar, procure um médico.

Como reconhecer o sintoma

Além das situações acima descritas, a alteração de sensibilidade pode ser acompanhada por:

  • Perda de força muscular;
  • Aumento da transpiração;
  • Alteração da coloração da pele;
  • Dor.

Em geral, isso acontece nas extremidades, como as mãos, mas pode afetar outras partes do seu corpo.

Por que você não deve desprezar esse sintoma?

A parestesia pode ser uma pista para uma enfermidade mais grave. Diagnosticá-la precocemente pode fazer diferença na evolução da doença. Além disso, “nos tratamentos precoces a melhora do quadro tende a ser mais satisfatória do que em casos em que o sintoma se tornou crônico”, alerta Fernando Herrero, docente da divisão de cirurgia de coluna do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da FMRP-USP.

Quem está mais suscetível ao problema

Todas as pessoas podem ser acometidas pela perda de sensibilidade temporária, independentemente de seu gênero ou idade. Porém alguns grupos poderão apresentar o sintoma com maior frequência. Confira:

  • Pessoas com diabetes;
  • Pessoas com hipotireoidismo;
  • Pessoas com carências vitamínicas, principalmente a vitamina B12;
  • Pessoas que fazem uso contínuo de medicamentos;
  • Pessoas que realizam movimentos repetitivos com as mãos ou braços;
  • Pessoas com artrose na altura do pescoço.

Conheças as causas mais frequentes

A origem mais comum da parestesia é a compressão por posturas ou posicionamentos inadequados, o que é relatado como “a mão dormiu”. A sensação passa logo e desaparece de modo espontâneo. Isso pode ocorrer quando você dorme sobre uma das mãos, por exemplo. A explicação é de José Oswaldo de Oliveira Júnior, neurocirurgião funcional, presidente da comissão de dor da AMB (Associação Médica Brasileira).

As causas desses formigamentos são classificadas como transitórias e crônicas. Veja a seguir:

Transitórias (passam rapidamente)

  • Contração ou compressão dos nervos – um exemplo é um movimento no cotovelo que dá um choque e leva ao formigamento na mão;
  • Trauma – batida nas mãos ou cotovelos;
  • Edemas – a retenção hídrica durante a gestação leva à compressão nervosa e, como consequência, ao formigamento;
  • Movimentos repetitivos – levam à compressão dos nervos e também a processos inflamatórios;
  • Desidratação – quando há de 5% a 6% de perda de água cumulativa, a parestesia pode ocorrer.

Causas crônicas (duram no tempo)

  • Síndrome do Túnel do carpo – trata-se da compressão do nervo mediano situado na região do punho. Pode ter causa genética, decorrer de inflamação ou movimento repetitivo; piora à noite e melhora durante o dia;
  • Diabetes – quando a doença não é controlada, pode levar a uma lesão nos nervos das mãos e dos pés;
  • Hipotireoidismo – embora não haja um consenso na literatura médica, alguns estudos indicam que algumas pessoas com esta enfermidade apresentam sinais sensoriais de neuropatias antes que a própria glândula manifeste algum sintoma.

E as doenças do sistema nervoso central?

AVC (Acidente Vascular Cerebral) e tumores podem até ser a causa da parestesia, mas elas não são simétricas. Isso significa que o sintoma acometerá metade do corpo e não será um sinal isolado. “Pode-se observar outros sintomas associados, como perda de força e redução da sensibilidade”, explica Luciane Filla, neurologista e neurofisiologista clínica, docente da Faculdade de Medicina da PUC-PR. “Nesses casos, o formigamento na mão, sozinho, é muito raro que aconteça”, acrescenta a médica.

Como é feito o diagnóstico

Na hora da consulta, o médico vai ouvir a sua história e fará o exame físico. Os especialistas afirmam que muitas vezes nem é necessário um exame complementar —principalmente porque as possíveis causas do formigamento nas mãos apresentam também outros sinais que vão dando pistas para chegar a uma conclusão.

Apesar disso, alguns exames, como a eletroneuromiografia, podem ser solicitados. Este teste, por exemplo, ajuda o médico a classificar a gravidade da Síndrome do Túnel do carpo, uma das causas mais comuns do formigamento nas mãos.

A realização de exames complementares como os de imagem —radiografia, ultrassom, ressonância magnética— e exames laboratoriais, vão confirmar ou descartar as outras possíveis e frequentes origens do problema, como as doenças metabólicas (diabetes, hipotireoidismo e carência vitamínica).

Como é feito o tratamento

Ele dependerá da origem do formigamento. Entretanto, as estratégias terapêuticas se dividem em duas modalidades: as etiológicas (tratam a causa) e as sintomáticas (tratam a parestesia).

Nas situações metabólicas, como o diabetes, falta de vitaminas, hipotireoidismo —as doenças de base devem ser tratadas. Se é o caso da Síndrome do carpo, por exemplo, fisioterapia, uso de talas, medicamentos e até mesmo cirurgia poderão ser indicados.

Dá para prevenir?

A professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina da PUC-PR, Liz Ribeiro Wallim, garante que sim. Mas adverte que a investigação do que pode estar desencadeando o formigamento nas mãos é essencial.

“O que o pessoa precisa lembrar é que a parestesia é um sinal de alerta de que há algo que não está certo”, diz. “Desde que se faça o diagnóstico, se estabeleça a causa, abordando-a de forma adequada, é, sim, possível prevenir o sintoma”, completa a médica.

O que você pode fazer para evitar o problema?

Quando o formigamento é do tipo transitório, você deve movimentar as mãos ou livrar-se de alguma roupa ou acessório que possa estar comprimindo seus braços ou seu corpo. Você também pode reduzir as chances de sentir esse desconforto colocando em prática as seguintes estratégias:

  • Reduza o risco de ter problemas no pescoço ou na coluna, ou seja, tenha cuidado ao levantar pesos; evite movimentos repetitivos; faça pausas durante o trabalho; evite má postura;
  • Controle o diabetes;
  • Evite o consumo excessivo de álcool;
  • Esteja atento à alimentação para evitar deficiências vitamínicas, especialmente a B12, relacionada à saúde do sistema nervoso. Caso suspeite que este é seu caso, fale com um médico sobre a eventual necessidade de adequação da dieta ou suplementação.

Fontes: José Oswaldo de Oliveira Júnior, neurocirurgião funcional, Presidente da Comissão de Dor da AMB (Associação Médica Brasileira), Diretor Científico da SBED (Sociedade Brasileira Para o Estudo da Dor), Diretor da Central da Dor e Estereotaxia do AC Camargo Cancer Center, docente responsável da disciplina de Dor Oncológica da Escola de Oncologia Celestino Bourroul; Fernando Herrero, docente da Divisão de Cirurgia de Coluna do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) e Cirurgião de Coluna do Grupo de Ortopedia do Hospital Sírio Libânes – Unidade de Brasília; Liz Ribeiro Wallim, professora de Reumatologia da Faculdade de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Luciane Filla, neurologista e neurofisiologista clínica, docente da Faculdade de Medicina da PUC-PR. Revisão técnica: Luciane Filla.

Referências: Ninds (National Institute of Neurological Disorders and Stroke); BMS Best Practice; Mahdi Sharif-Alhoseini, Vafa Rahimi-Movaghar, Alexander R. Vaccaro. Underlying causes of paresthesia. Intechopen. 2012.

fonte : uol
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